DIA 15: PROGRAMAÇÃO FIF-BH

DANIEL MOREIRA E MAURICIO LISSOVSKY PARTICIPAM DO FESTIVAL

Bate papo com fotógrafo e palestra sobre memória e imagens da ditadura marcam a programação do FIF-BH na segunda-feira, dia 15 de julho

No dia 15, teve início a programação do Circuito Café, série de bate-papos com fotógrafos convidados pelo FIF – Festival Internacional de Fotografia. O primeiro fotógrafo a sentar com o público para um café e um dedo de prosa foi Daniel Moreira , que conversou com os presentes no Café do CentoeQuatro.

Formado em Comunicação Social, finalista do prêmio Conrado Wessel de 2013 e sócio-fundador do estúdio Mineral Image, Daniel define de maneira bem simples a arte: um mundo que o artista permeia e tem a liberdade de contar o que entende. “Uma das coisas bem legais na foto-arte, no processo autoral da fotografia é essa capacidade que o artista tem de entender aquele mundo ao seu redor e formar um ‘mundozinho’ à parte que a gente digere, transforma em trabalho e dá volta para o público”, afirma.

Durante o bate-papo, Daniel falou sobre processos criativos, sua trajetória e seus trabalhos. Em A pré-condição do imaginário, o artista apresenta as angústias e sonhos das pessoas que sofrem de transtorno mental. Com o trabalho A cara da saudade, Daniel tentou registrar a essência desse sentimento através de fotografias de pessoas comuns e dos relatos sobre o que elas sentiam mais falta. Os Fluxos, por sua vez, discute os excessos da nossa atual sociedade de consumo e Paisagem Ambulante é um estudo fotográfico sobre a diversidade étnico-cultural das pessoas que dependem da rodovia 381 e a relação do ser com a paisagem ao qual o retratado inconscientemente se torna parte.

Segundo o artista, todos os seus trabalhos estão de alguma forma interligados “Comecei com o pessoal que possui transtornos mentais. Me tocou muito a relação que eles tinham com a saudade dos parentes. Fui, então, para [a temática da] saudade. Depois vim para esse processo dos produtos jogados na água, que mantém uma coerência com o meu trabalho. Tudo tem a ver com o descaso, com o jogar de lado – desde a saudade do idoso, da pessoa que ficou ali pra cuidar da outra, das pessoas que sofrem transtornos mentais, que ficam ali jogadas em uma casa, dos produtos jogados na água”, explica.

Ditadura e imagens

À noite, foi a vez de Mauricio Lissovsky participar do FIF-BH com a palestra “Memórias rarefeitas: a ditadura brasileira e a querela das imagens”, no CentoeQuatro. Lissovsky é historiador, doutor em Comunicação pela ECO/UFRJ e pesquisador do Núcleo IDEA. Dedica-se ao estudo da teoria, linguagem e história da fotografia. Atualmente, desenvolve, em cooperação com a professora Beatriz Jaguaribe, o projeto Obra Getuliana: Fotografia pública e modernização do olhar no Brasil.

Na palestra, Lissovsky buscou discutir as razões que levaram a poucas iniciativas de construção de uma memória pública da ditadura militar brasileira, apontando principalmente como as imagens refletem a experiência daqueles anos. A iconografia fotográfica da ditadura incluída nos livros didáticos de ensino médio e na Internet, por exemplo, dá pistas a respeito das disputas atuais em torno da memória da ditadura no imaginário coletivo dos brasileiros.

Texto: Cobertura Colaborativa do FIF-BH 2013, com Naiade Bianchi